The Lurker e a metrópole (ou pepino não é lingüiça)
Como é que ainda tem gente que mora em São Paulo? Não, sério, me explica. Sexta-feira (02) tive um destes dias de louco, saindo daqui às seis da manhã para uma reunião às 10h00. As conversas seguiram até as 14h30, quando se engoliu uma desculpa para almoço a tempo de despencar para o aeroporto para pegar uma vôo de volta às 16:30 para tocar o solo de volta às 18h00... Corre-se sem tempo de olhar para o lado naquele canto. Me diz: que cidade é aquela?
O que eu mais estranho, além do frenezi, é a receptividade. Mesmo em ambientes informais o paulistano parece que continua trabalhando. A postura é técnica a qualquer tempo, mesmo se você resolver discutir Corinthians e Palmeiras e as estatísticas, títulos e nomes se acumulam como verdades absolutas. Isso lá é jeito de se tocar a vida? E observe que a minha não é, na acepção do termo, das mais calminhas.
Lembro-me de um carnaval que passei na casa de parentes no Guarujá. Para quem conhece o baiano como modelo de povo "de praia", não podia ser choque maior. Gente que precisa dar uma relaxada aquela.
The Lurker says:
You got sirens for a welcome/ There's bloodstain for your pain
And your telephone been ringing while/You're dancing in the rain
(Duran Duran - Wild Boys)
julho 14, 2004
julho 12, 2004
The Lurker e a indesejável
("o dia que tememos como o ultimo é tão somente o nascimento da eternidade" Sêneca)
Tratar a questão da morte nunca é fácil para ninguém. Mesmo em culturas onde a existência se perpetua após a travessia, os que ficam não estão, na maioria das vezes, esfuziantes com o passamento de seus entes queridos. Numa sociedade coletivista como a nossa, onde os laços familiares só se desfazem sob a terra, se tanto, os ritos de passagem são bastante particulares. Administrar isso, a partir de uma perspectiva gerencial e tentar contornar racionalmente estas contingências foi uma de minhas atividades da semana passada. Não posso dizer que me saí muito bem.
Esse tipo de notícias nunca chega de maneira suave, já notaram? Ainda mais quando quem se vai é jovem e constrói uma família. No caso específico desta vez quem se foi era mais novo que eu, e deixa a mãe, a esposa e o irmão para trás. Nestes casos em que quem se vai, vai de repente, sem sinal, sem aviso, a tragédia pessoal se avoluma exponencialmente.
Desde o sepultamento do Marcelo, a meses atrás, que esta questão me toca: o que se diz à mãe que perde um filho? Que espécie de consolo se pode oferecer? No caso do Marcelo, o funeral foi uma celebração da vida e as pessoas acorreram em momentos variados, dando diversas demonstrações de como a vida supera o destino de mais de uma forma. De como se pode aliviar aos que sofrem, conquanto o que se faça seja quase nada. A experiência de quinta-feira não foi, absolutamente, semelhante. Ou antes, semelhante a todas, mas não àquela.
É estranho, pois pela quantidade de vezes que passei por situação semelhante, entre sepultamentos próprios e de terceiros, sempre acho que a situação não pode me derrubar mais do que já o fez. Equívoco. Desta vez, tive que tentar gerenciar como agiriam mais sete pessoas envolvidas por relação afetiva e de trabalho com a família enlutada. Achei que estava preparado e que poderia focar as energias do grupo. Exemplo (que nada). Engano. O problema é que o mundo não pára. A ave que canta no cipreste incomoda. O passar do tempo (ou o seu vagar) também. O vento transtorna, sua ausência idem. E a angústia cresce, o peito aumenta mas o ar não o enche.
Em Brasília terminamos todos no mesmo lugar, pelo menos por enquanto. Se a vida nos coloca em classes, a morte nivela a todos na Capital da República. Se a democracia nos é insuficiente em vida, nos torna iguais ao seu findar. E lá, sim, vê-se a verdadeira igualdade. E o cemitério, enquanto local de contemplação, ao celebrar a morte nos dá outros sentidos à vida. Torna grandes os detalhes e pequenas as dificuldades.
Na hora de ir embora, tendo dispensado a equipe, senti vontade de visitar o Marcelo... Pensei bem...
The Show Must Go On
Queen
Freddie Mercury
Empty spaces - what are we living for?
Abandoned places - I guess we know the score..
On and on!
Does anybody know what we are looking for?
Another hero - another mindless crime.
Behind the curtain, in the pantomime.
Hold the line!
Does anybody want to take it anymore?
The show must go on!
The show must go on!
Inside my heart is breaking,
My make-up may be flaking,
But my smile, still, stays on!
Whatever happens, I'll leave it all to chance.
Another heartache - another failed romance.
On and on!
Does anybody know what we are living for?
I guess I'm learning.
I must be warmer now..
I'll soon be turning round the corner now.
Outside the dawn is breaking,
But inside in the dark I'm aching to be free!
The show must go on!
The show must go on! Yeah!
Ooh! Inside my heart is breaking!
My make-up may be flaking!
But my smile, still, stays on!
Yeah! oh oh oh
My soul is painted like the wings of butterflies,
Fairy tales of yesterday, will grow but never die,
I can fly, my friends!
The show must go on! Yeah!
The show must go on!
I'll face it with a grin!
I'm never giving in!
On with the show!
I'll top the bill!
I'll overkill!
I have to find the will to carry on!
On with the,
On with the show!
The Lurker says:
Om Asatoma Sadgamaya / Tamasoma Jyoti Gamaya / Myrityoma Amritam Gamaya
Da ilusão leve-me à Verdade / Da escuridão leve-me à Luz / Da morte, leve-me à vida eterna
- Oração Universal Hindu (traduzida do sânscrito)
("o dia que tememos como o ultimo é tão somente o nascimento da eternidade" Sêneca)
Tratar a questão da morte nunca é fácil para ninguém. Mesmo em culturas onde a existência se perpetua após a travessia, os que ficam não estão, na maioria das vezes, esfuziantes com o passamento de seus entes queridos. Numa sociedade coletivista como a nossa, onde os laços familiares só se desfazem sob a terra, se tanto, os ritos de passagem são bastante particulares. Administrar isso, a partir de uma perspectiva gerencial e tentar contornar racionalmente estas contingências foi uma de minhas atividades da semana passada. Não posso dizer que me saí muito bem.
Esse tipo de notícias nunca chega de maneira suave, já notaram? Ainda mais quando quem se vai é jovem e constrói uma família. No caso específico desta vez quem se foi era mais novo que eu, e deixa a mãe, a esposa e o irmão para trás. Nestes casos em que quem se vai, vai de repente, sem sinal, sem aviso, a tragédia pessoal se avoluma exponencialmente.
Desde o sepultamento do Marcelo, a meses atrás, que esta questão me toca: o que se diz à mãe que perde um filho? Que espécie de consolo se pode oferecer? No caso do Marcelo, o funeral foi uma celebração da vida e as pessoas acorreram em momentos variados, dando diversas demonstrações de como a vida supera o destino de mais de uma forma. De como se pode aliviar aos que sofrem, conquanto o que se faça seja quase nada. A experiência de quinta-feira não foi, absolutamente, semelhante. Ou antes, semelhante a todas, mas não àquela.
É estranho, pois pela quantidade de vezes que passei por situação semelhante, entre sepultamentos próprios e de terceiros, sempre acho que a situação não pode me derrubar mais do que já o fez. Equívoco. Desta vez, tive que tentar gerenciar como agiriam mais sete pessoas envolvidas por relação afetiva e de trabalho com a família enlutada. Achei que estava preparado e que poderia focar as energias do grupo. Exemplo (que nada). Engano. O problema é que o mundo não pára. A ave que canta no cipreste incomoda. O passar do tempo (ou o seu vagar) também. O vento transtorna, sua ausência idem. E a angústia cresce, o peito aumenta mas o ar não o enche.
Em Brasília terminamos todos no mesmo lugar, pelo menos por enquanto. Se a vida nos coloca em classes, a morte nivela a todos na Capital da República. Se a democracia nos é insuficiente em vida, nos torna iguais ao seu findar. E lá, sim, vê-se a verdadeira igualdade. E o cemitério, enquanto local de contemplação, ao celebrar a morte nos dá outros sentidos à vida. Torna grandes os detalhes e pequenas as dificuldades.
Na hora de ir embora, tendo dispensado a equipe, senti vontade de visitar o Marcelo... Pensei bem...
The Show Must Go On
Queen
Freddie Mercury
Empty spaces - what are we living for?
Abandoned places - I guess we know the score..
On and on!
Does anybody know what we are looking for?
Another hero - another mindless crime.
Behind the curtain, in the pantomime.
Hold the line!
Does anybody want to take it anymore?
The show must go on!
The show must go on!
Inside my heart is breaking,
My make-up may be flaking,
But my smile, still, stays on!
Whatever happens, I'll leave it all to chance.
Another heartache - another failed romance.
On and on!
Does anybody know what we are living for?
I guess I'm learning.
I must be warmer now..
I'll soon be turning round the corner now.
Outside the dawn is breaking,
But inside in the dark I'm aching to be free!
The show must go on!
The show must go on! Yeah!
Ooh! Inside my heart is breaking!
My make-up may be flaking!
But my smile, still, stays on!
Yeah! oh oh oh
My soul is painted like the wings of butterflies,
Fairy tales of yesterday, will grow but never die,
I can fly, my friends!
The show must go on! Yeah!
The show must go on!
I'll face it with a grin!
I'm never giving in!
On with the show!
I'll top the bill!
I'll overkill!
I have to find the will to carry on!
On with the,
On with the show!
The Lurker says:
Om Asatoma Sadgamaya / Tamasoma Jyoti Gamaya / Myrityoma Amritam Gamaya
Da ilusão leve-me à Verdade / Da escuridão leve-me à Luz / Da morte, leve-me à vida eterna
- Oração Universal Hindu (traduzida do sânscrito)
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